Discutir as oportunidades e os desafios do Norte catarinense, região que reúne aproximadamente 20% do PIB do Estado. Com este objetivo, lideranças empresariais e autoridades, participaram nesta segunda, 24, do evento “SC: o Norte Encontra o Norte”, promovido pela Associação Empresarial de Joinville (ACIJ). Além do governador Jorginho Mello, o evento foi prestigiado pelo senadores Esperidião Amim e Ivete Appel da Silveira; pelos secretários de estado Cleverson Siewert (Fazenda), Paulo Bornhausen (Articulação Internacional), Silvio Dreveck (Indústria, Comércio e Serviços), Kennedy Nunes (Casa Civil), Ricardo Grando (Adjunto de Infraestrutura), Bruno Oliveira (Comunicação); pelos deputados estaduais da região, Fernando Krelling, Sargento Lima, Matheus Cadorin, Maurício Peixer, Antidio Lunelli e Vicente Caropreso.
Os prefeitos Adriano Silva (Joinville), Adriano Zimmermann (Guaramirim), Antonio Joaquim Tomazini (São Bento do Sul), Jeferson Garcia (Itapoá), João Pereira (em exercício em Jaraguá do Sul), Ludgero Jasper (Araquari) e Plotino Bittencort (Garuva) participaram do encontro e transferiram seus gabinetes para a ACIJ durante o dia. O evento também contou com a participação do presidente da Câmara de Vereadores de Joinville, Diego Machado; da vice-prefeita de Joinville, Rejane Gambin; de dirigentes da FACISC, FIESC e das associações empresariais dos municípios do Norte catarinense.
“Temos no Norte catarinense um potencial gigantesco a ser explorado e para isso precisamos nos organizar. Este evento ‘O Norte encontra o Norte’ vem com este objetivo: discutir com lideranças e autoridades a visão de futuro. Nunca tivemos um fórum onde todas estas visões pudessem ser compartilhadas num dia só. Temos certeza que novas oportunidades são geradas e novas parcerias irão acontecer a partir deste evento. Compartilhar o que as cidades e empresas estão planejando abre portas para novas parcerias e para fazer esta roda girar mais rápido”, explica o presidente a ACIJ, Guilherme Bertani.
Num dos painéis do evento, o diretor de Inovação da FIESC, José Eduardo Fiates, destacou que se a região Norte de Santa Catarina fosse um país, seria uma potência econômica. Numa comparação realizada pelo Observatório FIESC, Fiates mostrou que a região obteve o maior crescimento populacional do mundo entre as economias mais dinâmicas no período de 2002 a 2022 (incluindo Israel, Portugal, Holanda, Baviera, Flórida, Texas, Califórnia, Santa Catarina, Paraná, São Paulo e Minas Gerais) e ficou entre os cinco principais deste grupo global na faixa de crescimento do PIB. “Em crescimento econômico, o Norte SC superou todas as regiões brasileiras”, acrescentou.
O prefeito de Joinville e presidente da Associação dos Municípios do Norte e Nordeste de Santa Catarina (Amunesc), Adriano Silva, ressaltou que a união regional é imprescindível para o crescimento e desenvolvimento econômico e sustentável, citando exemplos como a construção da ponte da Vigorelli e a rota industrial entre Guaramirim e Joinville. Ele também reforçou a importância de um Plano Plurianual com cinco eixos de investimento para reduzir a dependência dos governos estaduais e federais
Reforma tributária, infraestrutura e qualificação de mão de obra
Os desafios estratégicos da Reforma Tributária para Santa Catarina foram destacados pelo secretário de Estado da Articulação Internacional, Paulo Bornhausen, que abordou a preocupação com a perda de autonomia do Estado e a fuga de investimentos devido à tributação no destino. Um dos principais pontos de preocupação é o fim dos benefícios fiscais, que historicamente atraíram investimentos e fortaleceram setores estratégicos da economia catarinense. Sem esses incentivos, muitas empresas podem buscar alternativas em estados vizinhos ou até mesmo no exterior, comprometendo o desenvolvimento local.
A logística portuária também foi um dos temas de destaque do evento. A região da Baía Babitonga, incluindo os portos de Itapoá, São Francisco do Sul e Transpetro, movimentou 63% da carga catarinense no último ano, gerando R$ 26,2 bilhões em riquezas. Em sua explanação, o gerente de Comunicação Corporativa e Relações Institucionais do Porto Itapoá, Alberto Machado, comentou que a previsão é que o volume movimentado alcance a casa dos 2 milhões de TEUs por ano. Isso será possível graças à iniciativas de Parceria Público-Privada (PPP) para a dragagem e aprofundamento do canal de acesso à Baía da Babitonga, um marco significativo para a infraestrutura portuária e costeira do país.
Os prefeitos e lideranças empresariais foram unânimes em destacar o colapso da infraestrutura rodoviária para o desenvolvimento da região. Segundo as autoridades municipais, a postergação dos projetos e das ações para a melhoria da logística são um desafio para o crescimento e uma alternativa pode ser o modelo de Parceria Público-Privada (PPP) para investimentos em infraestrutura.
Durante o encontro, aconteceu também a divulgação de uma pesquisa qualitativa para conhecer os anseios das administrações públicas e do segmento empresarial. O reitor da Univille, Alexandre Cidral, falou sobre a importância do diagnóstico que contou com um total de 36 entrevistas, sendo 21 delas com empresários e o restante com prefeitos, órgãos públicos e entidades para saber das expectativas das lideranças.
Entre os desafios está o desenvolvimento do capital humano, os novos processos, a modernização, investimentos em treinamento e capacitação, expansão na contratação e técnica especializada, especialmente considerando o crescimento médio anual de empresas da região participantes do levantamento, variando entre 5% e 10% nos últimos anos. Segundo o coordenador da pesquisa, Silvio Simon, entre as 21 empresas entrevistadas, 15 afirmaram que estão planejando novas contratações.
No final do evento, o governador Jorginho Mello assinou a Ordem de Serviço para o Estudo de Impacto Ambiental da Via Mar – rodovia paralela à BR-101, ligando o Norte do estado ao Contorno Viário da Grande Florianópolis. O estudo é essencial para definir o melhor traçado, garantir a compatibilização ambiental do projeto e para viabilizar o licenciamento ambiental da obra que possui um total de 145 quilômetros.
