O aumento de cargas de importação de produtos da China para o Brasil deve impactar e muito no custo final do frete internacional de contêineres. E o setor de autopeças já sente os efeitos comerciais da Ásia devido à grande demanda e a falta de capacidade naval para atender o volume.
Conforme levantamento do Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores (Sindipeças), nos dois primeiros meses de 2024 a China lucrou aproximadamente US$ 560 milhões com a venda de peças automotivas para a indústria brasileira. O que representa uma alta de 18,3% sobre os US$ 472,8 milhões da abertura de 2023.
Na avaliação do empresário do ramo de peças de reposição, Fábio Rosa Rodrigues, CEO da Ponteiras Rodrigues, de Santa Catarina, o aumento nos custos de frete internacional, principalmente de componentes importados, impõe um desafio para os próximos meses.
“Estimamos que os produtos que incorporam componentes asiáticos em sua fabricação poderão sofrer um aumento de custos de até 10% a partir de maio. Este cenário favorece a indústria nacional, que poderá ver um alívio nas margens, mas também pode resultar em escassez de produtos e aumento de preços para o consumidor final”, observa Rodrigues.
Sediada em Joinville (SC), a empresa detém 70% do mercado de peças de reposição de automóveis do País. Importa 200 contêineres por ano com componentes de lataria (capôs e para-lamas), além de peças de iluminação automotiva (faróis e lanternas). A maioria é oriunda do continente asiático.
De acordo com a análise do empresário, em abril deste ano houve uma redução dos espaços em navio e a dificuldades de liberação de novos bookings em rotas do comércio China e Brasil. Ainda segundo ele, as companhias de navegação implantaram tarifas especiais de frete, aumentando as taxas (Great Rate Increase) em valores que variam de 1,5 mil a dois mil dólares sobre os valores dos fretes.
“Durante abril, todos os navios nos serviços que atendem a rota China – Brasil operaram com utilização acima dos 95%, com muitos armadores fazendo bookings além de sua alocação, gerando consideráveis acúmulos de cargas esperando por embargue (backlog) nos portos de origem”, detalha.
Efeito BYD
Para atender a demanda dos clientes que adquiriram carros elétricos da marca chinesa BYD, a companhia se viu obrigada abastecer o mercado brasileiro com peças de reposição para resolver um problema de demora na reposição desses produtos.
Esse efeito resultou na maior disputa por espaços nos navios que fazem a rota China/Brasil, devido ao aumentou o volume de produtos importados da China pela fabricante asiática. A proposta da BYD é solucionar esse problema fabricando as peças na unidade de Camaçari, na Bahia, até o final deste ano.
Projeções
O empresário catarinense observa que no mês de maio ainda haverá consequências dos custos elevados do transporte de cargas entre China e Brasil, com navios cheios e fretes altos. Porém, ele avalia que em entre junho e julho haja uma estabilidade desses custos.
Rodrigues acredita que o aumento dos impostos sobre carros elétricos, que vai passar dos atuais 10% para 18% em julho, vai diminuir as importações desses automóveis e liberar mais espaços nos navios.
Além disso, Fábio Rodrigues avalia que a chegada de navios maiores, que terão 57% a mais de capacidade, passando de oito mil para 13,5 mil TEUs, vão ajudar a estabilizar os custos das cargas por causa da falta de capacidade do transporte.
“A Ponteiras Rodrigues permanece atenta a essas dinâmicas globais e continua a adaptar suas estratégias para garantir que continuemos a oferecer produtos de qualidade com eficiência logística, sustentando nosso compromisso de longo prazo com nossos clientes e parceiros comerciais, buscando o menor custo e qualidade para os nossos clientes”, diz Rodrigues.
Saiba mais sobre a Ponteiras Rodrigues
No mercado desde 1981, a empresa sediada em Joinville (SC) apresenta um portfólio de cerca de quatro mil itens. Os produtos abrangem lataria, iluminação automotiva, para-barros, bagagitos e retrovisores.
A produção anual é de, aproximadamente, um milhão de peças. As vendas também atendem os mercados da Europa e EUA. A Ponteiras Rodrigues atende um mercado com oito mil distribuidores.