Exposição “Arte Mandálica” Expressões Anímicas de um Psicólogo Aquarelista

A atenção para as mandalas emergiu na minha vida em 2009 e desde lá, as estudo e pesquiso, colecionando diferentes referencias: a Psique Humana; a Psicologia Analítica de Carl Gustav Jung (1875 – 1961); a Natureza com suas cores e formas, em especial: as mandalas, o arco-íris, os rizomas e os fractais; o universo; e as formas geométricas.Compreendo as mandalas como padrões constitutivos da natureza e que estão presentes nos movimentos dos astros, nos olhos, nas flores, nas células, nos átomos, entre outras inúmeras expressões. Jung, psiquiatra suíço, afirmava ser comum o surgimento de mandalas em sonhos ou desenhos espontâneos em momentos de crise.

E por falar em momentos de crise, basta dizer que estamos em 2023 no Brasil, e “só” por COVID-19 foram mais de 700 mil pessoas mortas. Neste sentido, a exposição aposta na Arte como recurso terapêutico que possibilita melhores estratégias de enfrentamento do sofrimento psíquico (pessoal e coletivo), ao passo que permite, a quem se entrega à Arte (criação e/ou contemplação), novas perspectivas e até mesmo a reinvenção de si mesmo. Para Jung, a psique humana costuma utilizar das mandalas como estratégia de auto-organização, através dos números, frequentemente o quatro e seus múltiplos, e das cores. As minhas mandalas, além de um recurso terapêutico, me instrumentalizam para lidar com mundos, de dentro e do entorno, consistindo em fotografias cubistas e surrealistas da minha alma.A consciência de uma identidade artística ocorreu durante a pandemia e tem sido interessante acompanhar os temas e os seus movimentos, em cada trabalho, em cada exposição, vejo uma trilha sendo tecida. Para exemplificar, escolhi o mais recente trabalho, “Personalidades Possíveis”. Simbolicamente, a consciência pode ser representada pelo branco e o inconsciente pelo preto. O pensamento é representado pelo amarelo, o sentimento pelo azul, o verde representa a sensação e o vermelho a intuição.Usando essas informações como legenda podemos visualizar as funções psíquicas e as direções da energia, pra dentro e pra fora, revelando uma das muitas possibilidades. E assim como este trabalho “está em processo”, aguardando as pinceladas finais, intuo que estamos todos nós em algum processo… vital. Pesquisar, psicológica e esteticamente as incontáveis combinações dessas cores (ou seriam instâncias e funções psíquicas?!) é estimulante, revigorante e potente em expandir a consciência, contribuindo para o autoconhecimento.

A exposição Arte Mandálica: expressões anímicas de um psicólogo aquarelista é composta de 26 trabalhos e visa ofertar uma vivência poética, sensorial, afetiva, reflexiva, provocativa e de sensibilização, além de consistir numa aposta da Arte enquanto um recurso expressivo e terapêutico.