O volume de fusões e aquisições (M&A) no Brasil foi recorde nos primeiros seis meses de 2022. Esse movimento pode continuar até o fim do ano, segundo uma pesquisa da consultoria PwC. E, de acordo com um levantamento da Bain & Company, as M&As podem movimentar US$ 4,7 trilhões (R$ 24,5 trilhões) até dezembro. Se confirmado, será o segundo melhor ano para negociações já registrado. Essa estimativa se baseia na recuperação na atividade econômica nos últimos meses.
No entanto, a volatilidade segue no radar, devido à alta dos juros nos Estados Unidos e na Europa, à inflação global e aos problemas na cadeia de suprimentos, que foram acirrados pela guerra na Ucrânia e por outras tensões geopolíticas.
Acompanhe em primeira mão o conteúdo do Forbes Money no Telegram
Com essas turbulências, é comum que os empresários e executivos sejam mais conservadores na hora de negociar. No entanto, os entrevistados pela Bain relembraram que os maiores negócios são fechados durante períodos de turbulência e tensão. O levantamento revela que as companhias que superam as recessões aumentam em 14% seu Ebit (sigla em inglês para lucro antes dos juros e tributos) nos 13 anos após uma desaceleração.
É possível identificar grandes oportunidades para fusões e aquisições, uma vez que empresas em todo o mundo continuam apresentando fluxos de caixa e balanços robustos.
“Por isso, as empresas que desejam crescer devem revisar suas políticas de M&A e considerar esse novo cenário, para que os executivos tenham uma visão clara de todos os resultados em potencial”, segundo o relatório da Bain. “Apesar da turbulência, esses são tempos em que muitos setores serão moldados para os próximos anos.”
Tecnologia lidera as M&As
Com 807 transações no geral, o setor que lidera as fusões e aquisições é o de tecnologia, seguindo uma tendência de longo prazo. Esse setor liderou a pesquisa da PwC nos últimos dez anos.
Em seguida aparecem os serviços em geral com destaque para empresas financeiras e de saúde, como serviços médicos e planos de saúde. Também estão aquecidos os setores de educação, agronegócio e alimentos e bebidas.
O panorama no Brasil
Segundo a PwC, as operações de M&A no Brasil seguem sendo fechadas majoritariamente entre empresas brasileiras. Apesar de o percentual de 2022 ter caído para 78% ante os 83% de 2021, o capital nacional segue representando mais de três em cada quatro reais transacionados. A justificativa é o conhecimento do mercado local e a necessidade de movimentação estratégica das empresas brasileiras, além da busca por eficiência operacional e por soluções tecnológicas.
Os investidores internacionais que mais investem no Brasil são fundos e empresas norte-americanas. Em seguida estão os investidores europeus, com foco em setores como energia, produtos industriais, tecnologia e outros.
Na sequência estão as empresas da Ásia, que buscam principalmente commodities, alimentos, serviços e tecnologia.
Por que empresas fazem M&A?
Segundo a PwC, as empresas realizam fusões e aquisições por vários motivos. Os principais são adotar estratégias para gerar valor e tornar viáveis projetos de expansão, além de fornecer saída para os vendedores.
Além desses motivos, as justificativas para uma fusão ou aquisição podem ser:
Realização do investimento pessoal dos sócios
Falta de sucessão nos negócios
Dificuldades financeiras
Resolução de disputas societárias
Do ponto de vista do comprador, as justificativas são eliminação de concorrência, aumento do market share, incorporação de novas tecnologias e aumento do portfólio de produtos e serviços, além de entrada em novos mercados e ganhos de sinergia.
Fonte Forbes